Não há dúvida de que a luz é fundamental para a fotografia, se não for o elemento mais importante.
Uns dias atrás eu tive o prazer de entrevistar um excelente fotógrafo, competente professor e pessoa que aprendi a considerar um amigo: Edu Fuica. Foi tão divertido que me recuso a chamar de trabalho! Ao longo das horas que passamos juntos na sempre receptiva Techimage nos divertimos muito e discutimos vários assuntos de interesse da fotografia, os quais se transformarão em breve em um podcast gratuito. Uma das coisas que conversamos foi sobre como treinar seus olhos para ver a luz, tarefa para a qual ele deu algumas sugestões, dentre as quais destaco uma que gosto e pratico: treinar seus olhos a aprender com bons exemplos.
No podcast você verá essa dica inteira e várias outras, mas um jeito bem gostoso de ver bons exemplos está em filmes. Nesta última madrugada tive uma agradável surpresa depois de alugar um filme por engano: O Ritual.
The Rite (O Ritual) é um filme de suspense sobrenatural estadunidense baseado no livro The Rite: The Making of a Modern Exorcist de Matt Baglio, dirigido por Mikael Håfström e escrito por Matt Baglio e Michael Petroni. É estrelado por Anthony Hopkins como o Padre Lucas. Foi lançado em 28 de janeiro de 2011 nos Estados Unidos e em 11 de fevereiro do mesmo ano no Brasil e Portugal.
Antes de você correr para pegar o filme, alguns esclarecimentos:
- Este filme não é para todos, ele pode ser assustador ou endereçar questões religiosas que desagradem a alguns;
- Tenha em mente que ele não foi tão bem avaliado pelos críticos. Minha recomendação é baseada apenas em minha agradável surpresa com o excelente trabalho de iluminação e fotografia, apesar de lhe confessar que gostei de mais coisas do que não gostei.
- Muitos sucessos de crítica ou bilheteria são excelentes como entretenimento ou cultura mas não se destacam por Fotografia ou Luz. Cada caso tem seu lugar no mundo e atende a sua finalidade, não julgo nenhum deles como bom ou ruim, apenas servem ou não para o propósito de cada telespectador.
- EU NÃO RECOMENDO a ninguém que baixe ou compre alguma versão pirata deste filme. Sugiro que se respeite direitos autorais da mesma forma que gostaria que os seus fossem respeitados. Independente de sua escolha, assista na maior resolução permitida por seus aparelhos.
Chega de conversa e vamos “para a luz” :). Pegue o filme, remova distrações dos olhos e mente, prepare seu capuccino e aproveite as lições de iluminação. Caso você faça isso como fiz, sozinho, no escuro e bem tarde na madrugada, pode ser que as coisas fiquem um pouco assustadoras para os de coração fraco (risos). O filme está repleto de bons exemplos de luz e fotografia e como estes podem influenciar no clima e induzir estados de espírito em quem assiste. Cenas escuras, profundas e cheias de emoção inundam quem assiste de medo e emoções profundas. Outras cenas quebram o ritmo e dão uma trégua com compasso mais tranquilo e iluminação que apaga um pouco do medo, antes de jogar o carrinho das emoções na próxima queda da montanha russa.
No meio dessa intensidade se force um pouco a parar e inspecionar o papel da iluminação em suas emoções. Veja ainda como as sombras indicam as fontes de luz, entregando quantas são e como foram posicionadas. Em closes veja com ainda mais atenção os catchlights, reflexos das luzes nos olhos, excelentes dicas de como o set de iluminação foi montado. Provavelmente será necessário assistir o filme (ou algumas cenas) mais de uma vez para poder realmente ver tantos detalhes que passam despercebidos na primeira sessão. Enquanto assiste note bem as sombras nos rostos e como uma face que tem metade parcialmente encoberta em sombras lhe faz sentir, as emoções que isso induz em você.
É claro que a trilha sonora dá um grande e indispensável aumento no clima do filme, deixando seus ossos gelados com a expectativa do próximo desfecho. Espero que você tenha momentos tão bacanas quanto os que tive nessa última madrugada, com a chance de relaxar e aprender com os ótimos exemplos desse filme. E se não conseguir dormir depois, não diga que não avisei! 🙂
Fantastico!