Qualquer pessoa que leia este Blog já me viu reclamar do uso indiscriminado de filtros como os encontrados nos aplicativos para compartilhar fotos.
Foi só começar a escrever e já consegui visualizar incontáveis imagens flutuando em Facebook, Instagram, Flickr e tantos outros lugares onde se compartilham imagens, todas com o mesmo estilo de ‘câmera podre’ e ‘vintage look’ que tomaram o mundo a força e se espalharam mais do que gripe aviária. Cores dessaturadas, molduras e bordas horríveis, muito ou pouco contraste são apenas alguns exemplos de tantos resultados desses filtros e seus usos automáticos.
Chega a parecer que o rumo da fotografia se perdeu por causa da popularização, justamente a arma que vinha fazendo com que essa arte crescesse tanto e evoluísse.
Essa sensação incômoda diminuiu quando li este post do
PetaPixel (veja tradução pelo Google). Parece que existe vida lá fora. E inteligente! Eles encontraram excelentes recomendações em uma página no site
NatGeo – publicação reconhecida mundialmente pela alta qualidade de suas fotos – com dicas do que fazer e não fazer com suas imagens. Como você pode ver, o Diretor de Fotografia foi bastante enfático em seu comentário (em uma tradução livre):
‘Não. Se você usa algum ‘filtro’ dentre a miríade de opções de seu software de edição de fotos digitais, por favor pare.‘
Peço que não me entendam errado, eu acredito que edição de imagem e ‘digital darkroom’ são etapas fundamentais da fotografia digital, mas tal qual
está na moda banir
o excesso de Photoshop, o uso indiscriminado de filtros também traz danos. O maior problema que vejo é que muitas pessoas se viram seduzidas pela enorme biblioteca de filtros de aplicação fácil
(exceto talvez por nomes sem sentido nos fitros do Instagram! 🙂
e automática e começaram a aplicá-los sem pensar. Se somarmos a essa equação que todos carregam celulares com câmeras o tempo todo veremos que bater fotos se transformou de um processo de criação ou registro de um momento importante em um mero reflexo automático. O resultado disso pode ser visto todos os dias na web com as avalanches de fotos sem sentido, todas com a mesma aparência, tal qual se fossem produzidas pelo mesmo ‘fonógrafo’.
Eu não quero parecer ranzinza e muito menos culpar os produtores de software por criarem os efeitos, seria como culpar a indústria automobilística pelos acidentes de trânsito. O motivo real para escrever essas linhas é tentar recuperar a razão por trás das fotografias, independente de serem obras de arte candidatas a prêmios, registros de lembranças familiares ou um retrato divertido que tem sentido para poucos. Fotografia deveria começar muito antes de ‘apertar o gatilho’ ao pensar na imagem que se quer capturar e na mensagem a ser passada, só então passar a pensar em como atingir este objetivo e só depois disso realmente capturar a imagem. Depois disso tudo e após avaliar os resultados é que se deveria pensar se tem sentido aplicar alguma alteração digital, sempre em linha com o objetivo e mensagem que se tinha no começo do processo. Afinal de contas, suas fotografias deveriam expressar sua visão e não as tendências atuais em efeitos de edição digital, certo?
E você, o que acha de efeitos em fotos e seu uso recente? Deixe sua opinião sobre Instagram, software, filtros e fotografia aqui
Pra ser honesto, eu sou contra a "instagramização" de tudo o que é captado pelas lentes, igual ao que o pessoal tá fazendo o tempo todo.
Não sou profissional, estou aprendendo ainda, e sim, eu uso filtros do Lightroom em algumas fotos minhas, feitas exclusivamente para esse fim.
O uso de filtros em si não é uma coisa ruim, desde que faça sentido e seja compatível com a imagem, mas o uso indiscriminado via softwares/apps comuns hoje está de tal forma que é o mesmo lance de uma maça podre estragar o cesto todo com as boas.
E pra ser honesto, acho que o problema maior mesmo é que o próprio título da matéria diz: efeitos ricos em fotos pobres de conteúdo/história.
Perfeito, Guto, concordo plenamente. Usar a edição de imagem e alguns efeitos como no seu exemplo do Lightroom tem para mim todo sentido. São alterações pensadas, em uma foto que tinha um objetivo desde o começo. Totalmente diferente de "dedar aleatóriamente" os efeitos no celular e ver o que fica "bonitinho"
Texto muito bem escrito,você realmente tirou as palavras de minha boca!estão fazendo da fotografia um lixo…é uma pena!Tudo isso por que as pessoas querem participar de um padrão social chamado instagram,que você tem que ser membro para ser "legal"!
Eu sou apaixonada pelo Instagram. Mesmo. Mas entendo (e respeito) a opinião contra esse aplicativo. Acho que não são filtros que vão salvar uma foto ruim. Mas acho que as vezes até fazem uma foto boa ficar melhor, ou pelo menos mais poética, basta saber aplicar, da mesma forma que outros programas (mas não tão fáceis de usar, como Photoshop).
Gaby, obrigado por comentar!
só para complementar, minhas críticas não são para o programa, que é apenas uma ferramenta bem bacana para compartilhar e criar uma comunidade que curte fotografia. A questão está em seu uso indiscriminado e sem pensar.
John, obrigado por seu elogio e comentários.
Da forma que vejo a massificação do gosto acaba deixando tudo na média. E na média todo mundo que pensa está meio atendido e meio incomodado.
posso falar? vou falar que eu curto o instagram. e acho um processo super rico ficar escolhendo os filtros. é um bom exercício para ver o que é que muda, o que fica bom ou não. Uma maneira de treinar os olhos para noções de contraste e composição.
Tem foto que vai sem filtro, tem outras que o filtro salva. E tem foto ruim bacarai.
Eu acho que independente do equipamento, o importante é divertir. E as vezes o celular é o que está perto, e com o instagram publicamos em 1 minuto. Na minha opinião é isso que o flickr deveria ter feito. E independentemente da máquina, de cada 100 fotos só se salvam umas 5-10.
eu concordo com esse cara aqui:
http://www.collisiondetection.net/mt/archives/2010/12/that_door_above.php
Querido Gabriel,
é um prazer saber que você passa por aqui e mais ainda que dedica uns instantes de massa cinzenta para contribuir. Obrigado!
O Instagram é uma ferramenta e eu jamais condenei seu uso e nem poderia, já que também curto e aproveito para compartilhar e ver o que acontece por aí. Minha crítica é ao uso sem pensar. É bater foto sem pensar, jogar os mesmos filtros enjoativos sem pensar e publicar sem pensar. E aí curtir fotos obviamente sem pensar se realmente gosta delas, mas apenas porque é "amigo" (no conceito faceboquiano da palavra) do autor.
O trabalho com os filtros é parte do processo criativo e do treinamento. Como você mesmo disse, é treinar os olhos ao PENSAR no resultado obtido com cada filtro. E PENSAR novamente para perceber que algumas fotos fazem parte do "bacarai" e não devem sair de nosso caderno de tarefa de casa.
Concordo novamente com você com relação ao celular. Como disse Chase Jarvis, a câmera que importa é a que está a mão, e nenhuma ganha do celular nesse ponto. Não é a qualidade do sensor ou seu tamanho que vêm no primeiro lugar em importância de equipamento fotográfico para mim. A Pole Position fica com um equipamento analógico antigo e cada vez mais desprezado pelo modo AUTO do mundo: O cérebro.
Mas tudo isso é apenas a minha opinião!! 😉